Alexandre Almeida Marcussi

Professor atuante na área de história da África, história cultural da escravidão e história do pensamento negro. Possui Graduação em História (2006) e Mestrado (2010) e Doutorado (2015) em História Social pela Universidade de São Paulo (com estágio de pesquisa na Universidade de Coimbra). Realizou estágio pós-doutoral na Unicamp (2023). Entre 2016 e 2023, foi professor de História da África na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Publicou o livro Diagonais do afeto: teorias do intercâmbio cultural nos estudos da diáspora africana (2016) e foi vencedor da edição 2017 do "Prémio CES para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa", conferido pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, com a tese de doutorado intitulada "Cativeiro e cura: experiências religiosas da escravidão atlântica nos calundus de Luzia Pinta, séculos XVII-XVIII". É coordenador do grupo de pesquisa CNPq "Itinerâncias: a circulação de atores e saberes e os poderes e resistências em África". Seus temas de pesquisa e orientação incluem a história das sociedades africanas desde o século XV, as manifestações culturais e religiosas de africanos e seus descendentes nas Américas e a história de intelectuais negros na África e nas diásporas.
 

Linhas de Pesquisa: 
Escravidão e História Atlântica
História dos Movimentos e das Relações Sociais

Email
alexandremarcussi@usp.br
PROJETO DE PESQUISA

Grupo de Pesquisa CNPq Itinerâncias: a circulação de atores e saberes e os poderes e resistências em África

O grupo dedica-se ao desenvolvimento de pesquisas na área de História, com temáticas vinculadas às realidades políticas e culturais criadas pelo euroimperialismo no continente africano em suas várias manifestações históricas, tais como o comércio atlântico de escravos, a administração colonial e as formas neocoloniais de intervenção após a formação dos Estados independentes. Interessam particularmente às pesquisas do grupo o pensamento e as práticas culturais e políticas africanas e afrodiaspóricas elaborados em resposta às realidades criadas pela expansão imperial europeia. Pretende-se incentivar o diálogo entre as pesquisas realizadas sobre essas temáticas nos períodos do comércio atlântico de escravos, na época colonial e no período pós-colonial, observando as complexas maneiras pelas quais as memórias e os legados da escravidão, do colonialismo e do racismo se interpenetram e se articulam. O grupo toma como fundamento teórico conceitos ligados à sobreposição de práticas e ideias políticas e culturais europeias e africanas, procurando compreender a complexidade das realidades engendradas pelo euroimperialismo e em reação a ele. Pretende-se evitar interpretações baseadas em esquemas binários e dicotômicos, como aqueles que marcaram não apenas a ideologia colonial europeia, mas também algumas vertentes do pensamento nacionalista africano de meados do século XX. Busca-se, pelo contrário, analisar as ambiguidades das fronteiras identitárias e culturais que são características das “histórias entrelaçadas” engendradas pelo euroimperialismo, investigando como os poderes e as resistências articulados nessas realidades tensionaram e mobilizaram fronteiras políticas e culturais.

 

Espiritualidades africanas: cultos religiosos de origem africana no Império Português (séculos XVI-XVIII)

Este projeto visa mapear, analisar e disponibilizar ao público fontes documentais referentes a práticas ritualísticas e religiosas de origem africana contidas na documentação dos tribunais do Santo Ofício da Inquisição de Portugal. Em parceria com o Núcleo de Estudos Inquisitoriais da UERJ, pretende-se construir e disponibilizar publicamente uma base de dados que permita o acesso às fontes documentais e a materiais de apoio para pesquisadores e para o público escolar e geral. O trabalho inclui um mapeamento sistemático das fontes documentais contidas nos chamados Cadernos do Promotor da Inquisição de Lisboa, os quais, apesar de conterem a maior parte dos registros documentais sobre religiosidades e espiritualidades africanas no Império Português entre os séculos XVI e XVIII, ainda não foram sistematicamente analisados pela historiografia. Espera-se que este projeto contribua para o aprofundamento dos estudos sobre a história das religiões africanas e sua perseguição no Brasil e nos territórios portugueses, permitindo compreender melhor as dinâmicas de enraizamento e desenvolvimentos de diferentes cultos de origem africana nas Américas e na Europa e suas particularidades regionais, bem como compará-los com as práticas religiosas existentes no mesmo período no continente africano. O projeto dá continuidade a uma pesquisa coordenada por mim entre 2021 e 2023 na UFMG.

LIVROS
HERNANDEZ, L. L. (Org.) ; MARCUSSI, Alexandre A. (Org.) . Ideias e práticas em trânsito: poderes e resistências em África (séculos XIX-XX). 1. ed. São Paulo: Intermeios, 2020. v. 1. 382p .

SANTOS, Vanicléia S. (Org.) ; AMADO, Leopoldo (Org.) ; MARCUSSI, Alexandre A. (Org.) ; RESENDE, Taciana A. G. (Org.) . Cultura, história intelectual e patrimônio na África Ocidental (séculos XV-XX). 1. ed. Curitiba: Brazil Publishing, 2019. v. 1. 370p .

MARCUSSI, Alexandre A.. Diagonais do afeto: teorias do intercâmbio cultural nos estudos da diáspora africana. 1. ed. São Paulo: Intermeios / FAPESP, 2016. v. 1. 258p .
Artigos

MARCUSSI, Alexandre A.. Uma 'caça às bruxas' centro-africana: os juramentos do bulungo em Massangano (Angola) em 1717. Revista de História da UEG, v. 11, p. 2, 2022.

MARCUSSI, Alexandre A.. Liberdade e Solidariedade: visões sobre o cativeiro em um julgamento afro-baiano do século XVII. HISTÓRIA (SÃO PAULO), v. 37, p. 8-24, 2018.

 

Capítulos de Livros

MARCUSSI, Alexandre A.. O legado do vento: angústias (in)familiares em um calundu em Salvador (1753). In: SILVA, Vagner G. da; DAMASCENO, Walmir; OLIVEIRA, Rosenilton S. de; SILVA NETO, José P. da. (Org.). Através das águas: os bantu na formação do Brasil. 1ed.São Paulo: Hucitec/FEUSP, 2023, v. , p. 196-221.

MARCUSSI, Alexandre A.. O zumbi e o bode diabólico: disputas em torno de uma cerimônia religiosa africana em Benguela no século XVIII. In: ASSIS, Angelo A. F. de; BAUMANN, Thereza; MATTOS, Yllan de. (Org.). Heresias em perspectiva. 1ed.Lisboa: Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2022, v. , p. 149-168.

HERNANDEZ, L. L. ; MARCUSSI, Alexandre A. . A história africana a partir dos trânsitos e itinerâncias. In: HERNANDEZ, Leila L.; MARCUSSI, Alexandre A.. (Org.). Ideias e práticas em trânsito: poderes e resistências em África (séculos XIX-XX). 1ed.São Paulo: Intermeios, 2020, v. 1, p. 7-46.

MARCUSSI, Alexandre A.. Ensinar a liberdade: paradoxos da pedagogia anticolonial em C. L. R. James e Frantz Fanon. In: HERNANDEZ, Leila L.; MARCUSSI, Alexandre A.. (Org.). Ideias e práticas em trânsito: poderes e resistências em África (séculos XIX-XX). 1ed.São Paulo: Intermeios, 2020, v. 1, p. 211-241.

SANTOS, Vanicléia S. ; AMADO, Leopoldo ; MARCUSSI, Alexandre A. ; RESENDE, Taciana A. G. . Fontes, métodos e teorias para repensar a história cultural do Oeste africano. In: SANTOS, V. S.; AMADO, L.; MARCUSSI, A. A.; RESENDE, T. A. G.. (Org.). Cultura, história intelectual e patrimônio na África Ocidental (séculos XV-XX). 1ed.Curitiba: Brazil Publishing, 2019, v. 1, p. 23-42.

MARCUSSI, Alexandre A.. Personalidade, raça e nação na África pós-colonial: alguns apontamentos a partir das ideias de Kwame Nkrumah. In: REIS, Raissa Brescia dos; RESENDE, Taciana Almeida Garrido de; MOTA, Thiago Henrique. (Org.). Estudos sobre África Ocidental: dinâmicas culturais, diálogos atlânticos. 1ed.Curitiba: Editora Prismas, 2016, v. , p. 259-286.